O fim de semana passado tive a oportunidade de escutar alguém que abordou o tema da pobreza, nomeadamente, como esta se podia tornar num círculo vicioso, muitas vezes, impossível de escapar.
Quando era mais jovem, sempre acreditei que era possível contornar a vida e dar a volta por cima, mas hoje… Hoje, tenho algumas dúvidas relativamente ao “sempre”. Não que simpatize com a ideia de que “temos de aceitar o que a vida nos dá”, pois às vezes não é fácil de engolir um ou outro sapo. Contudo, é certo que também simpatizo com a ideia de que “somos nós que fazemos o nosso caminho” e mais ninguém pode fazer essa caminhada por nós.
O mesmo se passa com o dinheiro. Ninguém consegue gerir melhor o nosso dinheiro, os nossos bens do que nós próprios. Só nós conhecemos as necessidades e os desejos do nosso dia-a-dia e daqueles que cuidamos.
A dimensão da pobreza
A pobreza mascara-se de muitas formas. Ainda recentemente, lemos na comunicação social que um número assustador de idosos que morrem sozinhos em casa abandonados. É um fenómeno de pobreza social em que não existem veículos de aproximação à sociedade. Contudo a pobreza pode bater à nossa porta de muitas outras formas.
Um caso real
“A minha mãe é prostituta, tem SIDA… O meu pai desapareceu quando era pequena. O meu marido está desempregado. Sou só eu que trabalho e o dinheiro mal dá para pagar a renda da casa. As minhas filhas estão na escola, mas já não por quanto tempo… Ontem o meu irmão veio-me pedir dinheiro: está metido na droga…”
Falta de sorte versus escolhas erradas
Quando oiço histórias parecidas como esta, que mais parecem tiradas de um filme de drama que vai acabar mal e são, no entanto, bem reais e bem numerosas, questiono se há fuga possível. Será que chegou a haver um momento de escolha sequer, nem que seja, para escolher a opção errada? Parece uma rede sem fim de eventos que nos arrastam até ao fundo de onde não se consegue sair. São tantos os problemas, que nem se tem tempo para pedir ajuda. E a quem pedir ajuda?
“A Pobreza é um problema de todos”
Esta frase foi o mote, em 2010, do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social. Estive algum tempo a reflectir sobre ela. A pobreza é de facto um problema de todos, mas numa sociedade cada vez mais individualista o “todos” existe cada vez menos. De facto, o “eu” mais “tu” é cada vez menos o “nós” que poderiam fazer a diferença. Por isso, a pobreza é cada vez mais um problema meu e seu em virtude dos tempos que correm. Mas seria um problema menos difícil de resolver se fôssemos “nós” a lidar com ele.
Gostaria de conhecer a sua opinião. A pobreza traduz-se num círculo vicioso? Como dar a volta por cima em situações de pobreza extremas? Que soluções para estes casos? Por onde começar? A sorte tem um papel nisto tudo, ou a pobreza é a soma de muitas escolhas erradas?